terça-feira, 8 de outubro de 2013

Entre Páginas: Clockwork Princess, de Cassandra Clare [Opinião]

Autor: Cassandra Clare

Editor: Walker Books Ltd.

Edição: Março de 2013

Colecção: The Infernal Devices

Páginas: 576

Formato: Capa mole

Título em português: Princesa Mecânica (a 25 de Outubro nas livrarias, pela Planeta)



Sinopse: 
Tessa Gray should be happy - aren't all brides happy? Yet as she prepares for her wedding, a net of shadows begins to tighten around the Shdowhunters of the London Institute.
A new demon appears, one linked by blood and secrecy to Mortmain, the man who plans to use his army of pitiless automatons, the Infernal Devices, to destroy the Shadowhunters. Mortmain needs only one last item to complete his plan. He needs Tessa. And Jem and Will, the boys who lay equal claim to tessa's heart, will do anything to save her.


Opinião: 
Mundialmente conhecida como Cassandra Clare, e carinhosamente apelidada de Cassie, Judith Rumelt é, no entanto, o verdadeiro nome da aclamada autora de fantasia urbana juvenil. Nascida na província iraniana do Teerão em 1973, é filha de um professor e escritor e neta de um produtor de cinema.

Foi em 2004, inspirada pela sua mudança para Nova Iorque e aborrecida com o seu emprego em revistas de entretenimento e fofocas, que Cassandra começou a trabalhar naquela que viria a tornar-se a sua primeira obra publicada: City of Bones (A Cidade dos Ossos), o primeiro volume do que é actualmente uma série de seis livros, da qual o último chegará às livrarias em Maio de 2014. The Mortal Instruments (Caçadores de Sombras) depressa se tornou um sucesso de vendas por todo o mundo, o que possibilitou à escritora a oportunidade de expandir o universo fantástico que tinha criado. E assim nasceu The Infernal Devices (As Origens), trilogia prequela da série original de Clare, de cujo o livro Clockwork Princess (Princesa Mecânica) marca o final.

E se The Mortal Instruments nos dá a conhecer a azáfama de Nova Iorque, The Infernal Devices leva-nos até à elegância de uma Londres victoriana. Mas não pensem por isso que as ligações entre ambas as séries serão escassas ou mesmo nulas; não o são, de todo. Estes são, na verdade, os livros ideias para ficar a conhecer as raízes de muita do que é a cultura dos Caçadores de Sombras da actualidade.

Em Clockwork Princess, Tessa Gray, a nossa protagonista nova-iorquina, há vários meses desembarcou em Londres e, por entre voltas e reviravoltas, começou a criar para si uma nova família no seio do Instituto londrino. Está, aliás, prestes a dar um importante passo na sua vida e a subir ao altar. No entanto, a situação está longe de ser a ideal. Mortmain, o maior inimigo dos Caçadores de Sombras até à data, continua a planear a sua vingança contra toda a comunidade Nephilim e Tessa é a peça mais importante nesse jogo. Jem, o noivo de Tessa, continua extremamente doente e sem sinais de cura à vista. E, para piorar a situação, Will, o melhor amigo e parabatai de Jem, confessou estar igualmente apaixonado por ela, deixando-a numa posição complicada no que às suas relações pessoais diz respeito.

Mas isto é apenas a premissa inicial...Com o desenrolar deste que é, na minha opinião, o melhor trabalho de Cassandra até à data, somos levados numa viagem repleta essencialmente de descobertas. Ainda que seja capaz de lhe apontar algumas pequeníssimas falhas, nomeadamente no que diz respeito ao ritmo da narrativa em certos pontos da obra, foi com grande satisfação que li este livro. Com um estilo de escrita consistente e, acima de tudo, emocional, a autora explora magistralmente uma teia de sentimentos e relações que se vão formando, e aprofundando, e que dificilmente poderiam ter um melhor desfecho. E é este, indubitavelmente, o ponto forte de Clare: as dinâmicas interpessoais que tão bem cria. É por tal que, mesmo quando o enredo em si sofre algum mínimo descuido, a relação do leitor com a obra não é muito abalada. Faço notar, aliás, uma das melhores e mais fortes amizades sobre as quais já tive o prazer de ler: Will e Jem. Muitas vezes, especialmente neste género literário, muito do foco acaba por ser dado exclusivamente ao romance, deixando de lado sentimentos de outras naturezas. A fraternidade existente entre estes dois personagens é tocante e enternecedora e, por várias vezes ao longo deste livro, causadora de lágrimas.

Mas não se preocupe quem prefere que a acção tenha prevalência sobre a emoção: há demónios, e lobisomens, e engenhocas automatizadas, e as respectivas lutas com cada uma das espécies em dose suficiente para agradar até ao leitor mais céptico. Mistérios são desvendados, puzzles completados, e a adrenalina corre livremente pelas centenas de páginas deste livro. Se estás curioso por saber o que faz de Tessa uma espécie tão peculiar, ou por descobrir qual a resolução para do impasse entre os três protagonistas, ou até mesmo apenas curioso por desvendar de que maneira é que certos artefactos dos Caçadores de Sombras chegaram até aos dias de hoje, este é o livro a não perder. Todas as respostas a estas questões são dadas em Clockwork Princess, cujo o desfecho nos chega através de um prólogo tão bem conseguido que é capaz de fazer algo nem sempre visto: deixar-nos com questões não sobre a trilogia a que pertence, mas sim sobre a série que cronologicamente a procede. O que significa que provavelmente também não irão querer perder City of Heavenly Fire para o ano que vem. A meu ver, uma boa jogada estratégica por parte da escritora.

Recomendo, sem dúvida!

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